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Edifício Eco Berrini, São Paulo

Face voltada para marginal rio Pinheiros
Face voltada para a marginal do rio Pinheiros

Um dos primeiros prédios de São Paulo especialmente planejados para obter a certificação Leed, o Eco Berrini tem seu primeiro pavimento a 25 metros de altura, acima de um edifício-garagem preexistente. O embasamento é dividido em dois blocos, com térreo permeável, e os quatro primeiros andares são interligados por passarelas. Suas fachadas de vidro foram projetadas em acordo com as condições de cada face e asseguram conforto ambiental e menor consumo de energia elétrica com os sistemas de iluminação e ar condicionado.
Um dos primeiros prédios de São Paulo especialmente planejados para obter a certificação Leed, o Eco Berrini tem seu primeiro pavimento a 25 metros de altura, acima de um edifício-garagem preexistente.
O embasamento é dividido em dois blocos, com térreo permeável, e os quatro primeiros andares são interligados por passarelas. Suas fachadas de vidro foram projetadas em acordo com as condições de cada face e asseguram conforto ambiental e menor consumo de energia elétrica com os sistemas de iluminação e ar condicionado.
Eco Berrini com 140 metros

O Eco Berrini tem gabarito de 140 metros, escala bastante superior à dos primeiros prédios construídos na área
Maquete eletrônica
Maquete eletrônica

A torre de 140 metros de gabarito e mais de 90 mil metros quadrados construídos foi adquirida por 560 milhões de reais em dezembro último, já no terço final das obras, pelo Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil.
Ela é subdividida em cinco subsolos, térreo, intermediário, 32 pavimentos-tipo com 1.752 metros quadrados de área de laje e ático, totalizando 39 andares e 47 mil metros quadrados de área locável.
De acordo com Roberto Aflalo, um dos autores da proposta arquitetônica, o projeto começou pela conta inversa, a fim de adequar a quantidade de vagas de garagem e a área computável às exigências da Operação Urbana Água Espraiada.
A melhor solução era demolir um dos prédios implantados no local, que tinha pés-direitos baixos e poucas vagas de estacionamento, e ampliar o edifício-garagem preexistente, que ganhou dois novos andares e teve suas áreas de laje estendidas e incorporadas pela nova edificação.
“Se mantivéssemos todas as construções existentes no lote, não teríamos como atingir o coeficiente máximo de aproveitamento do terreno”, detalha o arquiteto. No total, o empreendimento soma 2,3 mil vagas de estacionamento.
Heliponto cobre vazio no coroamento
O heliponto cobre o vazio no coroamento
Perspectiva do acesso principal
Perspectiva do acesso principal. Os quatro primeiros pavimentos do bloco menor são independentes do volume maior

Com a implosão do antigo edifício, configurou-se um terreno retangular para a implantação do Eco Berrini. Seu embasamento é dividido em dois blocos, o menor deles exatamente no ponto onde foi implodido o prédio, na lateral direita de quem vê o conjunto de frente.
Do primeiro pavimento, que está a 25 metros de altura, acima do edifício-garagem, até o quarto andar, os blocos são unidos pela passarela fechada por vidro, deixando o térreo permeável, de modo que pedestres e veículos possam passar para chegar aos outros empreendimentos existentes na gleba ou acessar a marginal do Pinheiros.
O coroamento repete a ideia da divisão em blocos, com o heliponto (ainda em homologação) cobrindo o vazio que se forma entre eles. A partir do quinto pavimento, a área de laje das duas alas é unificada, mas a volumetria da fachada permite identificar as porções correspondentes a cada bloco.
O lado maior tem as faces principais levemente curvas, suavizando o formato retangular do prédio, enquanto o lado menor é retilíneo. Os pisos superiores são diferenciados por pés-direitos, terraços e jardins, e a marcação horizontal é feita com o vidro branco que reveste as vigas corta-fogo.
Edifício define skyline
O edifício marca o skyline da região
Pavimento intermediário passarela
Vista do pavimento intermediário, onde tem início a passarela que une os dois blocos

“Quando se quer usar um elemento branco na fachada, a melhor opção é o vidro, material de fácil limpeza e ótima relação custo/benefício”, defende Aflalo.
As fachadas unitizadas foram instaladas diretamente na estrutura de concreto. Compostas por painéis de estrutura metálica e vidros especiais, elas apresentam divisão em três partes.
A fim de assegurar conforto ambiental com menor consumo de energia elétrica, foram previstas composições diferentes para cada terço em função da orientação solar - uma específica para as faces leste e oeste e outra para as fachadas norte e sul.
Os vidros utilizados são relativamente transparentes, com boa transmissão luminosa e baixos índices de transmissão de calor. As versões opaca e semitransparente aparecem somente nas faces leste e oeste, nas quais o sol incide mais horizontalmente.
Já as faces norte e sul apresentam vergas e peitoris abertos. Pelo lado interno, os vidros são protegidos por cortinas do tipo roll-on. “A princípio essa não seria a melhor opção, mas, considerando latitude, performance dos vidros e a temperatura média na cidade, foi a que apresentou melhor relação custo/benefício.
Para o nosso clima, os vidros mais extremos não são necessários”, afirma Aflalo. Essa combinação entre anteparos e vidros especiais, associada aos sistemas de resfriamento noturno e de iluminação, assegura eficiência energética, alto desempenho térmico da edificação e elevada pontuação no sistema Leed.
O Eco Berrini engloba ainda outras soluções decisivas para sua certificação, tais como o uso de materiais sustentáveis previsto já no projeto, aproveitamento de águas cinza e pluviais na irrigação, no abastecimento de bacias sanitárias e no resfriamento das torres de ar condicionado, plano de gestão de resíduos e coleta seletiva, e áreas livres que privilegiam a circulação de pedestres.

Texto de Nanci Corbioli
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 377 Julho de 2011

Roberto Aflalo FilhoLuiz Felipe Aflalo HermanGian Carlo Gasperini
Roberto Aflalo Filho graduou-se pela FAU/USP em 1976 e é mestre pela Universidade Harvard, em Cambridge, EUA (1980).


Luiz Felipe Aflalo Herman formou-se em 1978 pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Brás Cubas.

Gian Carlo Gasperini diplomou-se em 1949 pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil (atual UFRJ) e obteve título de doutor pela FAU/USP em 1973. Os três são titulares do escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos

 


Detalhe hall principal
Detalhe do hall principal
Croqui
Estrutura metálica e vidro definem passarela
Estrutura metálica e vidro definem as formas da passarela
Jardim da cobertura

Jardim da cobertura

Pavimentos com piso elevado
A torre tem classificação triple A. Os pavimentos foram entregues com piso elevado
Brises de alumínio

Brises de alumínio sombreiam o acesso à torre
Hall com pé-direito elevado

Granito, aço inox e vidro têm presença forte no hall de pé-direito elevado
Croqui
Em constante transformação

O Eco Berrini ainda na primeira etapa da construção e em fase mais adiantada, com parte dos painéis unitizados da fachada já instalados


 

Ocupando a faixa entre a Berrini e a marginal do Pinheiros, a gleba de 93,8 mil metros quadrados onde foi implantado o Eco Berrini é a mesma onde já havia outro prédio projetado por Aflalo & Gasperini (leia PROJETO DESIGN 139, março de 1991). Complementada por um pequeno prédio de serviços e edifício-garagem, a construção serviu de sede administrativa primeiramente à Philips, mais tarde à Nestlé e hoje abriga escritórios diversos.

Com a construção do Eco Berrini, os proprietários desse edifício chamaram novamente os arquitetos, desta vez para modernizar as áreas comuns e valorizar as construções existentes. Entre as intervenções realizadas, está a marquise que liga o Eco Berrini aos vizinhos shopping D&D e edifício WTC (PROJETO DESIGN 193, janeiro/fevereiro de 1996), que por sua vez são interligados ao Centro Empresarial Nações Unidas (PROJETO DESIGN 274, dezembro de 2002), formando um grande complexo unificado, mas com edificações independentes.

No mesmo lote havia ainda um edifício projetado em 1980 e que também acolheu instalações administrativas da Philips (PROJETO DESIGN 62, abril de 1984). Com pés-direitos baixos e poucas vagas de garagem, esse edifício foi implodido em 2008, possibilitando a abertura de cinco níveis de subsolo para o Eco Berrini e a ampliação do edifício-garagem existente. Como o terreno está dentro da área da Operação Urbana Água Espraiada, foi possível aumentar o potencial construtivo por meio da aquisição de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), o que explica os números superlativos do Eco


Berrini.Fonte: www.arcoweb.com.br

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